sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A viagem de Palma (Parte IV)

Com o Cabo de Gata para trás e a noite para cair, havia de dobrar o Cabo de Palos depois de passada a enorme baia de Cartagena. A noite estava como todas as outras, ou seja de feição. O vento predominante de Oeste ia ajudando, embora por vezes fizesse uma “reviengas” pelo facto de estarmos perto da costa e próximo do Cabo. No convés, conversava-se deste mundo do outro e daquele que há-de vir, acompanhando o esforço do lábios com aguardente velhíssima ou “uike” (assim se pronuncia em español). A marcha sempre acima dos 5,5 nós sempre muito próximo do ângulo ideal. Amanhecia com 1/3 do cabo de Palos já ultrapassado, e de repente começamos a avistar um dos maiores prodígios da natureza ibérica, que dá pelo nome de MANGA DEL MAR MENOR. Avistámos, mas não penetrámos na manga. Os apetrechos de pesca continuavam activados na posição ON. Será que a próxima refeição será o tão desejado atum. Continuámos rumo as Baleares, pois a vontade de chegar era enorme, e havia que aproveitar as situações. As primeiras 20 milhas depois de ter o Cabo de Palos pela popa da embarcação, deverão ser um canal de navegação, e os navios eram às dúzias. Porta-contentores equilibristas, petroleiros malabaristas, pesqueiros de todos os tamanhos e feitios e claro, água muito, muito quente. Chegou-se a registar temperaturas de água ligeiramente acima dos 27º. Com o calor da água nos mergulhos, até a pobre “veia safena” inchava, facto que havia de compensar com a ingestão de bebidas frescas, pois segundo os anais de medicina, o corpo tem de andar em permanente equilíbrio. Nesta questão dos porta-contentores vamo-nos habituando a eles, e um mergulho junto a estas bestas passa a ser normal (ver foto). O almoço fez-se chegar com uma feijoada à moda de Pias, preparada pelo chefe João com todo o requinte e todos os condimentos. Já a tarde ia alta, embarcámos o Luciano (Pavarotti – esse mesmo) que nos acompanhou numa tardada de GIN TÉCNICO de grande nível. No vídeo é bem audível a voz do falecido tenor bem como o vento que faz galopar o BACCUS LIBER. Os figurantes deste video, devem ser sopranos, pois sopraram até fartar nesta tarde...


(click para ver)

Grande categoria e motivo de soberba inveja para muito capitão da nossa praça. A noite havia de cair com uma deliciosa refeição de “coxinhas de galinha” (não foi de coxinhas com pan pan pan), regada com vinho luso e um pudim flan de sobremesa, por forma aos digestivos caírem no estômago sobre um tapete de glicose. Estas coisas são todas muito bem pensadas. Avançava o escuro até ao aparecimento do luar, com a “milhagem” a aumentar, sinal que Formentera estava perto. Pelo VHF ouvimos um navio de guerra dos states a questionar os navios de grande porte, apoiado por outro vaso de guerra inglês, que fazia perguntas sobre carga, nacionalidade das tripulações, e ao que parecia não brincavam em serviço. Arribámos a Formentera pelas 4 horas locais, 1 hora depois do LADYBIRD, numa manobra difícil e vagarosa, pois a poluição visual é grande e as sondas muito reduzidas. Já na jurisdição do banheiro local, tempo ainda para andar a saltar de canal em canal (VHF), para assistir às conversas entre o Centro de Socorro Aéreo e um barco com ingleses, que pelo pouco que se entendeu, tratou-se duma evacuação por Helicóptero de alguém que teria tido um treco cardíaco. A prontidão dos espanhóis foi notável, o resto não sabemos, mas obviamente desejamos uma óptima recuperação ao tripulante do iate inglês. Com restrições de calado, fundeamos e dormimos como passarinhos.
(continua no próximo número)


4 comentários:

Anónimo disse...

Boa crónica!Vejo que continuam em GRANDE!Parabens e continuação de bons ventos.

Anónimo disse...

A crónica está uma delícia a fazer morrer de inveja muito marinheiro em terra. Algumas fotos não serão tão fidedignas. Aquele tacho de caldeirada, não faz parte da palamenta de cozinha do Baccus Liber, mas sim do NVV Veronique.
Quanto à escolha da banda sonora do vídeo, em minha opinião (que ninguém pediu, mas eu dou), ficaria melhor uma peça do genero da Cavalgada das Valquírias, em substituição do Luciano. Aguarda-se o próximo episódio.
WA

Anónimo disse...

Eu não questiono a música, mas os bailarinos apesar de bastante treino e jeito, levam nota negativa pelo guarda roupa....



Baccus TEam

Anónimo disse...

BAILARINOS???
Eus sou míope, mas parecial mais bailarinas do Rossio, tão feias e mal feitas que eram!!!
WA